Aos heróis das atravessadelas..

É por estas e por outras que gosto de viver no passado, embora sem ter bem a consciência do que vivi desses tempos.
Tempos de mudança e prosperidade a década de 80 foi sem dúvida alguma aquela que mais marcou na história recente da humanidade e a que melhores recordações traz quanto a mim (mesmo tendo nascido em 84). Altura de uma música nunca mais produzida e duma qualidade de vida inigualável (mesmo sem contar com as actuais facilidades e tecnologias) também nos automóveis deixou a sua marca contemporânea.
O primeira ano da década marcou de facto os ralis para sempre. O Audi Quattro, primeiro veículo de tracção integral nos ralis, desde logo teve o sucesso natural, que as leis da física e mecânica o exigem. Mas antes e durante muito tempo, enquanto os Grupo B não se tornavam os supercarros, outros carros e pilotos iam deixando também a sua marca.
É sempre com um olhar fascinado que revejo um Toivonen no Talbot Sunbeam, ou o Vatanen no Escort MK2 (o único carro que guiou verdadeiramente), ou o Walter Rohrl no Opel Ascona (leia-se ÁÁÁÁÁSCUNA), ou o Manta do Russell Brookes, ou o Celica do Kankkunen ou Waldegaard.. enfim podia ficar aqui o dia todo a inumerar estes heróis nestes magníficos automóveis sempre de lado e perna da frente alçada, para tentar impedir o Audi de ganhar mais uma vez. Apenas o Lancia 037 o conseguiu com um pouco mais de sucesso, antes de se render aos supercarros também, e mais tarde aquando dos "monstros" o Renault 5 Maxi Turbo (e convém frisar Maxi) do Jean Ragnoti que brilhou na fatídica Volta à Corsega de 86 (mas esse só nunca foi campeão do mundo porque nunca ninguém quis).
E com o desaparecimento dos monstros e da Audi, os heróis das atravassadelas lá ressurgiram, e é com os mesmos olhos de fascínio com que vejo o Jimmy McRae no Sierra, ou o Patrick Snijers ao volante do M3, ou o Alfa 75 de Yves Loubet, só pra citar alguns...
Tempos em que tudo era mecânica e não havia tanto profissionalismo (só por isso melhor), mas a paixão, dedicação e espectáculo era muito superior..
Recordar é mesmo viver!

Aos heróis das atravessadelas, o merecido tributo